“Para o visitante, este parque oferece oportunidades sem fim. Existem 23 km de trilhos, com especial destaque para as duas rotas pedestres, devidamente marcadas, que se podem seguir a partir da entrada principal.”

Pruhonice é uma aldeia localizada nos arredores de Praga e lá vamos encontrar um interessante palácio rodeado por jardins que são considerados dos mais belos da República Checa.

Mas há algo de muito particular nesta propriedade. É que foi criada pelo conde Count Arnošt Emanuel Silva-Tarouca. Silva Tarouca? Isso mesmo! Um português. Ou, para ser mais preciso, o descendente de um português, que se estabeleceu, pelo casamento, nas terras da Boémia, em meados do século XVIII.

O mais irónico é que só descobri isto quando visitei o palácio pela primeira vez. De forma que quando desci do autocarro e vi um restaurante chamado Tarouca, simplesmente sorri e pensei como nos caminhos intrincados da linguística existiam coincidências destas… vejam só… um restaurante com um nome que até parece português. Naquele momento não fazia ideia de que… era mesmo um nome português.

Hoje em dia o palácio, para além de poder ser parcialmente visitar e ter uma pequena exposição museológica sobre a propriedade e os seus donos, está a ser rentabilizada, o que permite reunir os fundos para uma manutenção esmerada.

Existe um centro de conferências, um número de salas que podem ser alugadas para reuniões ou outros fins e toda uma estrutura adequada para a organização de casamentos e cerimónias variadas. Isto para além dos espaços de restauração.

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Parte do palácio é ocupada pelo Instituto Botânico da República Checa.

A edificação que hoje ali encontramos não se parecerá em nada com o castelo original, nascido no local em meados do século XIII. A sua posição naqueles primeiros tempos era essencialmente defensiva, estando o castelo construído no topo de um promontório, junto à ribeira de Botič.

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Em meados do século XVI a propriedade estava nas mãos da família Zapský e o castelo foi reconstruido segundo os princípios arquitectónicos renascentistas, que vieram substituir o gótico da estrutura original. No início do século XVII vivia aqui Andreas Hannewald von Eckendorf, um dos conselheiros mais influentes do Imperador.

A Guerra dos 30 anos devastou a propriedade, que foi reconstruida posteriormente com o apoio do Imperador. Entre 1669 e 1685 esteve na posse da Ordem dos Jesuítas. Durante a maioria do século XVIII a propriedade foi o lar da família Desfours, mas no final do século encontrava-se quase ao abandono, reduzida a uma simples quinta. Jan Nepomuk Nostic-Rieneck comprou tudo aquilo em 1800. Sucedeu-lhe como proprietário o seu filho Albert, e depois a filha deste,  Marie Antonie Gabriela, que por fim se vem a casar com o conde de sangue português, o que abre uma nova página de glória na longa história da propriedade.

Para além dos magníficos jardins, de que falarei mais abaixo, o novo proprietário encomenda a Jiří Stibral, um jovem arquitecto da sua idade, a renovação total do palácio, que ganha as formas que hoje lhe conhecemos, claramente em estilo Neo-Renascentista, na sua variante Boémia.

O conde foi o último proprietário privado da propriedade. Em 1927, falido, vê-se forçado a vender tudo ao Estado Checoslovaco.

Se procura mais informações sobre a história do palácio poderá ler este artigo (em inglês) no seu website oficial.

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Os jardins que envolvem o palácio foram inaugurados em 1885, sendo o fruto do trabalho do Conde, um botânico entusiasta, que, dizem os especialistas, criou ali uma obra extraordinária.

Na altura o estilo inglês era dominante na arquitectura paisagística. Foi baseado nesses princípios que o Conde desenhou o seu jardim, ocupando uma área de 250 hectares, jogando magistralmente com a presença da ribeira e de dois riachos menores.

Hoje em dia podem ali ser apreciadas mais de 1600 espécies de árvores e arbustos. Para mais informações sobre o parque e os jardins, consulte aqui o seu website oficial.

Para o visitante, este parque oferece oportunidades sem fim. Existem 23 km de trilhos, com especial destaque para as duas rotas pedestres, devidamente marcadas, que se podem seguir a partir da entrada principal. Tudo isto é ideal para um momento romântico ou para passar algum tempo em família ou a relaxar. Não é portanto de espantar a popularidade do local junto dos checos, especialmente nos agradáveis dias de Primavera.

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O Parque e o Palácio têm horários que variam ao longo do ano, sendo que na época mais baixa abrem às 8 e encerram às 17 horas, enquanto que no Verão se encontram abertos até às 20 horas. O bilhete custa 80 CZK.

Como ir: Existem diversas formas de chegar a este local, mas para o visitante a mais simples será usar o metro (linha C – vermelha) até Opatov, e aí encontrar a paragem de autocarros e esperar pelo número 363 ou 383. Este último percurso leva cerca de quinze minutos e o bilhete – a comprar ao condutor – custa 18 CZK. Como Průhonice fica fora do limite urbano de Praga os bilhetes da cidade não são válidos no autocarro.

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Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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