Quando Visitar Praga

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Esta é uma das questões mais habituais de quem prepara uma viagem: qual será a melhor altura do ano para visitar? No nosso caso, qual será a melhor altura do ano para Visitar Praga?

A capital da República Checa tem as características meteorológicas comuns na Europa Central, com as quatro estações do ano claramente definidas. O ciclo natural reflete-se na actividade humana, e tudo isto na experiência do visitante. Vamos ver.

Janeiro-Fevereiro

Frio! Muito frio! As temperaturas poderão descer aos 20 graus negativos e dificilmente andarão acima do zero. Mas há que ter em conta que o frio de Praga não se sente de forma tão aguda como o de Portugal. Numa escala de equivalências imaginária, diria que 8 graus negativos em Praga se sentem como 4 ou 5 positivos em Portugal. Os dias são cinzentos mas a precipitação não é muita. Praga não é uma cidade de grandes chuvadas e quando cai alguma, é geralmente breve e pouco intensa, excepção para a precipitação de verão, que pode ser impressionante.

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De resto, Janeiro-Fevereiro é época baixa. Turistas, há sempre em Praga. Mas no pico do frio muitas das actividades sugeridas estarão indisponíveis. E a natureza, omnipresente na cidade, encontra-se tão tristonha… árvores desnudadas, relva queimada, restos de neve suja acumulados nos cantos. Pronto, directo ao assunto: visitar Praga em Janeiro-Fevereiro, só em último caso! “Mas tem de haver alguma coisa positiva”… e há! A época de hóquei no gelo está no auge, para quem gosta, claro.

Março

Ainda perfeitamente fora de época. Esplanadas, passeios de barco a remos no Vltava… tudo isso não está ao alcance do visitante que chega a Praga no Inverno. Esticar as pernas e explorar os mágicos bosques que se estendem em plena cidade não têm metade de magia de outras alturas do ano, quando tudo se encontra verdejantes ou coberto pelo manto maravilhoso das cores quentes de Outono. Excepto se existir neve. Muita neve, de preferência.

Em Março, talvez uma nevezita caia… mas não deverá ser suficiente para cobrir a cidade do manto branco que encanta. Pelo contrário, a fealdade dos restos tímidos de neve são de assinalar. É uma lama esbranquiçada que se acumula pelas bermas, em pequenas pilhas. Mas atenção, nunca se deve tentar prever o clima… nunca se sabe.

Tirando a hotelaria, os preços não oscilam consoante a época, pelo que deverá considerar este elemento sem grandes optimismos. A poupança proporcionada por uma vinda na época baixa não é grande.

Honestamente, e de forma pessoal, Março é o mês em que eu menos gosto de Praga.

Abril

Em Abril chega a Primavera, de início tímida, com as primeiras sequências de dias de sol, mas com temperaturas ainda baixas, que não dispensarão o agasalho. Aqui não costuma haver o Abril das águas mil, mas mesmo assim convém contar com alguma precipitação que não deverá já ser de neve.

Para o meio do mês notamos que as árvores começam a ganhar a folhagem que atingirá o seu máximo lá para o Verão, e os arbustos enchem-se de botões de flor. A cidade, que se encontra repleta de espaços verdes começa a ganhar uma cor que está ausente nos meses de Inverno. As esplanadas mais precoces são instaladas nas ruas. Sente-se uma alma nova num povo que todos os anos renasce para os prazeres da vida por esta altura. E há ainda poucos turistas nas ruas, que se encherão até limites insuportáveis nos meses que se seguem.

Maio

Chegamos a um dos meses mais recomendáveis para a visita a Praga. A vegetação está prestes a atingir o seu mais luxuriante estado. O Zoo e o Jardim Botânico são destinos que beneficiam da chegada da Primavera em todo o seu esplendor. No dia 1 de Maio os barcos a remos e a pedais enchem o Vltava. Por toda a cidade as esplanadas estendem-se pelas calçadas, cheias de gente que sai às ruas para gozar os primeiros dias de calor.

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Nos vastos parques de Letna e Stromovka a população ajusta contas com os rigores de Inverno: grupos de pessoas sentam-se em círculos na relva, anda-se de patins ou bicicleta, joga-se futebol e frisbee. Um ambiente mágico cobre toda a cidade. É o espírito da Primavera à solta.

Mas não há bela sem senão. Maio é também o mês em que os turistas começam a chegar em massa, e as principais atracções da cidade, como o “Castelo” e a ponte Karlovo ganham uma saturação de visitantes que poderá assustar os mais tímidos. A partir de agora, torna-se altamente recomendável ir a esses locais bem cedinho de manhã, ou quase ao pôr-do-sol.

Junho

Com a Primavera plenamente instalada a cidade de Praga transpira vida. Os dias longos convidam a grandes passeatas, e apesar de haver dias cinzentos e chuva, raramente isto se torna um verdadeiro incómodo. É a época ideal para visitar algumas atracções que se encontram nos arredores, fazendo uso do grande número diário de horas de luz e da cumplicidade do clima.

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A temperatura há muito que deixou de ser um problema e a roupa de Verão toma definitivamente o lugar de honra nos guarda-roupas. Em Junho todas as hipóteses estão em aberto: espectáculos ao ar livre, beer gardens, esplanadas, parques, cruzeiros no rio… a imaginação do visitante é o derradeiro limite. Mas, nas zonas centrais da cidade, o número de turistas pode ser verdadeiramente opressivo, e compreende-se porque é que muitos dos habitantes de Praga evitam descer à baixa por esta altura do ano.

Julho-Agosto

O Verão de Praga oferece um ambiente muito característico: é uma espécie de fiesta eslava sem interrupção. As pessoas andam descontraídas, gozam do bom tempo – apesar da precipitação frequente. Mas, mesmo, é uma época que não aprecio. O número de turistas nas ruas torna-se intolerável. É uma espécie de Albufeira em Agosto. Há filas para tudo e não se consegue apreciar a beleza da cidade. Compreendo que os habitantes locais se deliciem com o tépido contraste com o rigoroso Inverno. Mas para os povos do Sul, Verão não é em Praga. Falta o mar, e de resto há destinos mais apetecíveis para esta época do ano. Se quer vir a Praga sugiro que escolha uma outra época.

Setembro

Uma boa escolha. O pico do afluxo turístico ficou para trás, em Agosto. É ainda altura de desfrutar uma série de opções que em breve ficarão vedadas. As belas esplanadas de Petrin e Strahov encontram-se ainda abertas, disponibilizando um cobertor aos clientes de fins de tarde que tenham o azar de apanhar um dia mais frescote.

A partir do meio do mês o Outono começa a fazer-se anunciar. O visitante mais atento detectará as primeiras folhas a ganhar os tons alaranjados e a desprender-se graciosamente do galho onde passaram o verão. Em Setembro chove pouco, um valor importante para quem visita. Os dias são ainda longos, permitindo uma boa rentabilização do tempo. Os jardins reais – que mantêm esta designação apesar do país ser desde sempre uma república – estão ainda abertos. Poderá assim apreciar da melhor forma a visita ao “Castelo”, rodeando-o através dos gloriosos espaços ajardinados que oferecem vistas magníficas sobre a cidade e uma série de recantos que, por si, valem a deslocação.

Outubro

É o mês que costumo aconselhar aos meus amigos. Creio ser a solução mais equilibrada para quem visita, sobretudo se for a primeira ocasião em que se desloca a Praga. Vejamos: o grosso dos turistas já abandonou a cidade, deixando para si alguns momentos de solitário usufruto – se escolher as melhores horas. Uma visita à ponte Karlovo ao nascer do sol poder reservar-lhe a surpresa de ser a única alma andante no seu tabuleiro. E subir ao “Castelo” ao cair da noite, quando ainda é possível transpor os portões, pode proporcionar-lhe uma visita sem a presença quase incontornável de uma multidão.

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Depois, o clima é o mais perfeito que se consegue arranjar. A precipitação é reduzida, os dias de sol ainda são relativamente frequentes e as temperaturas não descem a níveis que possam incomodar, podendo até apanhar uma série de dias que convidam à utilização de roupagem estival.

Por fim, as atracções sazonais encontram-se ainda disponíveis, e, quiçá, mais atractivas. Na primeira parte do mês, virá ainda em boa hora para o passeio de barco a pedais no Vltava, e os programas de ar livre – passeio por um dos muitos parques de Praga, visita ao Zoo ou ao Jardim Botânico ou saída de dia inteiro para um dos destinos dos arredores – são perfeitamente aceitáveis.

Novembro

Um tiro no escuro! Se tiver sorte, encontrará uma Praga ainda muito recomendável, com boas condições climatéricas, e, apesar de algumas atracções sazonais estarem já encerradas, o que ainda sobre não lhe deixará mãos a medir. Mas, sobretudo na segunda metade do mês, o tempo pode-se tornar agreste, até com a chegada da primeira neve. O reverso positivo da moeda é a ausência da pressão turística nos locais mais famosos. Se tiver sorte, para os últimos dias do mês poderá já gozar dos mercadinhos de Natal, sempre tão pitorescos, sobretudo se a neve chegar adiantada.

Dezembro

O mês de Natal e da passagem de ano. Claro, se vier por esta altura deverá estar preparado para enfrentar um Inverno que não é o nosso. E se apesar do frio aqui não se sentir de forma tão intensa, mesmo assim faz frio. Todos os ambientes interiores estão aquecidos, por vezes em excesso, mas uma volta ao ar livre poderá ser dolorosa.

O Natal tem uma magia próprio nos países “de neve”, mas também na República Checa o consumismo tem desvirtuado as tradições que contribuíram para a popularidade desta quadra festiva. Os mercados de Natal são “obrigatórios”; poderá visitar aqueles que se se encontram nas áreas mais turísticas. Mas talvez encontre mais gratificação se procurar mercadinhos de bairro.

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A passagem de ano… isto é para ser levado a sério: se vier para estes lados por esta altura, em caso algum ande pelo centro da cidade no dia 31 de Janeiro. O lançamento de foguetes e artefactos potencialmente perigosos torna toda a área num autêntico campo de batalha. Aconselhamos – mesmo que a passagem de ano não esteja nos seus planos – que veja os seguintes videos: YouTube 1, YouTube 2.

De qualquer modo, há formas espectaculares de passar o ano em Praga. A colina Petrin oferece uma perspectiva global, e de forma geral segura, de seguir os muitos fogos-de-artíficio que se estendem pela cidade.

Save

Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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