DPP é o acrónimo de Dopravní podnik hlavniho města Prahy. Os transportes públicos de Praga. Trata-se de uma empresa única, que gere a circulação de eléctricos, metro, autocarros… e o funicular que sobe e desce na colina de Petrin. A DPP tem sido uma das maravilhas da cidade. Todos são unânimes: Praga tem uma rede de transportes públicos modelar, inigualável a nível mundial. Não só toda a cidade se encontra magistralmente coberta pelas suas ramificações, como os veículos respeitam os horários afixados nas paragens com o rigor de um relógio suiço. Quando chega a meia-noite, entra em vigor o sistema notcurno, que, com outras características, dá seguimento ao bom trabalho dos seus irmãos diurnos. É uma delícia. Ou era? A questão coloca-se pelos efeitos nefastos que uma série de cortes orçamentais tem vindo a ter sobre este idílico estado de coisas. Vejamos: em 2007, 13 biliões de Coroas; em 2008, 10 biliões; em 2009, 8,5 biliões. E para 2010, uma nova redução, com uma verba prevista de 7 biliões de Coroas. Ou seja, em quatro anos o orçamento viu-se reduzido quase para metade. Enquanto isto, foram assignados para a construção do túnel Blanka 26 biliões de coroas, enterrados numa obra que quase ninguém compreende e cuja utilidade real parece existir apenas na mente de uns quantos governantes. Uma espécie de TGV de Praga, que contribuirá para a saturação do centro de Praga com trânsito automóvel. Enquanto por todo o lado se assiste à tomada de medidas que visam encorajar a utilização das redes de transportes públicos, em Praga parece que se caminha na direcção oposta.
Como que a culminar este estado de coisas, a DPP acaba de anunciar cortes dramáticos na rede: as composições do metro passarão mais espaçadas e começarão a circular meia hora mais tarde, acabando o trabalho meia hora mais cedo; o eléctrico 19 será extinto e muitas das outras carreiras passarão a circular apenas com um vagão; em termos de autocarros, os cortes serão mais dramáticos, com vinte carreiras totalmente eliminadas. No total está previsto um corte em 5% de toda a actividade, que entrará em vigência a 7 de Março. Os praguenses estão zangados… e eu também!