“O debate sobre o futuro do estádio e da zona envolvente é intenso, com vários projectos de reconversão sobre a mesa.”

Nenhum visitante passará por Praga sem reparar na colina que se ergue por detrás da margem oeste do rio Vltava. Muitos gastarão um par de horas a explorar os caminhos que cruzam Petrin, apreciando as vistas espectaculares sobre a cidade e a beleza deste parque ali tão perto do centro de Praga. Mas raros serão o que se atrevem a ir um pouco mais longe, a espreitar o que se encontra por detrás do topo, apesar da curiosidade ficar sempre. É desse assunto que vamos tratar aqui hoje.

Imediatamente a seguir ao cume da colina, existe um complexo urbano universitário, composto por onze blocos principais, que compreende residências para estudantes e diversos departamentos relacionados com a estrutura académica. E como os checos gostam de se divertir, num destes edifícios encontra-se uma das emblemáticas discotecas da cidade, o Klub 007 onde se organizam frequentemente espectáculos ao vivo.

Mas o principal destaque, o “monstro” escondido, aguarda em silêncio por detrás do “campus” universitário: o colossal estádio de Strahov, fruto da procura de afirmação da Primeira República Checoslovaca (1918-1938), que chegou a ser o maior recinto desportivo do mundo, com 220.000 lugares sentados, valor que mesmo actualmente é apenas batido pelo circuito automobilístico de Indianapolis, nos EUA.

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A construção do Estádio Strahov, ou Strahov Stadion, em checo, iniciou-se em 1926; essa primeira versão do recinto apoiava-se sobre uma estrutura de madeira, substituída pelo betão seis anos depois. Os primeiros eventos a terem lugar no estádio foram organizados pela SOKOL, uma organização com forte apoio estatal que por essa altura procurou divulgar actividades desportivas e de ar livre por toda a população do país. A ginástica sincronizada praticada por centenas de pessoas em simultâneo encheram de magia as bancadas de Strahov. A esses encontros, que ocorriam de cinco em cinco anos, chamava-se “Spartakiadas”, numa associação entre a energia do movimento e a fulminante revolta dos escravos romanos liderados por Spartacus.

Em meados dos anos 60 do século passado foram organizadas algumas competições automóveis. Com a queda do sistema comunista, Strahov passou a albergar concertos, tendo actuado ali nomes grandes da música mundial: Rolling Stones, Guns N’Roses, Bon Jovi, Aerosmith, Pink Floyd, U2 e AC/DC, para citar apenas alguns nomes.

Actualmente o recinto é utilizado como complexo de treinos e escola de futebol pelo Sparta de Praga, existindo no interior do estádio oito campos de futebol. A estrutura encontra-se contudo em evidente estado de degradação, sendo uma sombra decadente das gloriosas jornadas de outros tempos. O debate sobre o futuro do estádio e da zona envolvente é intenso, com vários projectos de reconversão sobre a mesa.

A título de curiosidade, sob esta imensa massa de terra passa um túnel rodoviário, com cerca de 2 km de comprimento. A central de ventilação que serve o túnel Strahov pode ser vista perto do monumento quase fálico que salta à vista a qualquer um que passe junto ao estádio, contornando-o pela esquerda. Esse é aliás o ponto mais aconselhável para apreciar a vista envolvente.

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No seguimento do estádio, existe um complexo pertencente à Televisão Checa, enquanto do lado esquerdo, as vistas deslumbrantes sobre a cidade são entrecortadas por algumas moradias de luxo. Inicia-se depois o parque Ladronka, muito apreciado pela população local para actividades ao ar livre, sobretudo para a patinagem, pela morfologia do terreno, essencialmente plano e estendendo-se em linha recta por cerca de dois quilómetros.

Como ir: Se decidir arriscar a espreitar estas paragens, suba pela colina Petrin, siga o seu instinto, com facilidade dará com o estádio. Senão, tem um autocarro que o traz cá acima, que sai de Karlovo náměstí (onde existe também uma estação de metro da linha amarela).

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Ricardo Ribeiro viveu durante três anos em Praga, apenas pelo amor à cidade e um dia decidiu criar um website dedicado à sua paixão. Actualmente mantém os fortes laços emocionais e sociais com Praga e passa alguns meses por ano por lá.

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