Dia 1
Há que aproveitar ao máximo. É preciso acordar cedo, não só para esticar o dia, como para o iniciar no ponto mais turístico da cidade quando toda a gente dorme ainda. Vamos atravessar a ponte Karlovo aos primeiros raios do Sol (esperando que exista mesmo Sol), quando a temos quase só para nós.
Se for Inverno, pode até ser a única alma no tabuleiro da ponte. Um contraste brutal com o cenário que ali se vive quotidianamente durante o dia, quando o afluxo contínuo de turistas enche aquela calçada, milímetro por milímetro. Se iniciou o passeio na margem Oeste, então pode voltar para trás, umas vez que nos queremos dirigir ao Castelo de Praga.
Toda a caminhada até lá é um deleite. Seguindo a via natural de quem vem da ponte, desembocaremos na praça Malonstranské. Daqui sai a rua Nerudova, onde viveram Franz Kafka e Jan Neruda (um autor bem menos conhecido que o chileno Pablo Neruda, que inspirou o seu nome artístico no escritor e jornalista checo).
Não deixe de observar a notável simbologia acima de algumas das portas das casas desta rua: noutros tempos, antes da utilização metódica da numeração dos edifícios, a denominação dos lares era apoiada por uma representação plástica. Assim, quando chegar ao prédio que ostenta o símbolo de três violinos, saberá que no passado qualquer correspondência para as famílias que aqui moravam deveria ser endereçada à “Casa dos Três Violinos”.
Muitas vezes a escolha do símbolo tinha uma razão prática. No exemplo que apontámos, a casa albergava originalmente uma família que se dedicava à manufactura de belíssimos violinos. A utilização de simbologia para identificação das casas era uma prática comum, mas hoje é na rua Nerudova que se pode observar a maior concentração destes elementos visuais.
Sensivelmente a meio da rua, deverá fazer um desvio e enfrentar uma longa escadaria. Se imaginasse que não iria seguir os conselhos e tomar esta caminho cedinho pela manhã, dar-lhe-ia um acesso alternativo, afastado da multidão de turistas. Mas a esta hora esta via é tão boa como qualquer outra. Tomando depois uma direita e seguindo as indicações, chegará ao castelo.
Toda a informação sobre o local poderá ser consultada no website oficial. Demore o tempo que precisar. Explore, visite. Não se esqueça de passar pelos jardins exteriores, se for a época do ano certa. Quando terminar, em vez de descer de novo à baixa, como a maioria dos turistas. Aventure-se pelas “traseiras” do castelo. Dê uma vista de olhos na igreja do Loreto. E depois, passe junto ao mosteiro de Strahov. Se houver condições, sugiro uma paragem para uma bebida na esplanada panorâmica no patamar imediatamente a seguir ao do mosteiro. As vistas sobre a cidade são magníficas, e se as contas não me falham, por esta altura o corpo pede uma pausa.
Quando se sentir revigorado, aventure-se pela colina Petrin. Um dos acessos inicia-se mesmo ai junto às esplanadas. É um mundo para explorar, cujos detalhes não me atrevo a explanar num artigo genérico como este. Se não lhe apetecer ir ao topo, também lhe digo que não perde nada de especial. As pessoas procuram instintivamente lá chegar, mas aqui entre nós, ficará tão bem ou melhor servido se andar pela meia-encosta.
É ai, junto à paragem intermédio do funicular, que encontrará o restaurante Nebozizek, onde poderá tomar o almoço se forem horas disso. Como entenderá, dada a localização e a atmosfera do estabelecimento, os preços praticados não são do mais económico. Mas não se assuste! Estamos a falar de pratos entre os 8 e os 14 Euros. E veja no website do restaurante como vale a pena…
Passada a linha do funicular, e, quiçá, depois do almoço, continuaremos a andar na mesma direcção, até cruzar a Muralha da Fome. A partir desse momento estaremos nos jardins Kinsky. A beleza deste parque é notável. Encontraremos vegetação mais densa do que até então, e talvez por isso o ruído natural da cidade chegue até nós filtrado. Tão perto, e tão longe. Mas é também a frondosa vegetação que nos impede de usufruir das vistas que apenas ficam expostas quando o Inverno chega e as árvores ficam desnudas. Não importa.
Prossigamos. É capaz de encontrar uma estranha igreja construida em madeira. O edifício foi originalmente construido nos Cárpatos, em terras que antes eram da Ucrânia. Foi desmontando, pedaço por pedaço, transportado até Praga e montado de novo. Tudo se passou em 1891, por ocasião da Exposição Universal de Praga.
Mais abaixo, se for descendo – o que é capaz de ser uma boa ideia – encontrará o Museu de Etnografia. Siga o seu instinto e chegará com facilidade à saída. Se tudo correr bem estará na praça Kinsky, onde outrora se encontrava o famoso “tanque cor-de-rosa”: Na madrugada de 28 de Abril de 1991, uma estranha movimentação podia ser observada pelo noctívago casual que ali passasse. David Cerny, o polémico artista plástico checo, então um jovem de 23 anos, pintava de cor-de-rosa um tanque soviético exposto no local desde 1945, em homenagem à libertação de Praga do jugo alemão.
Após o ataque artístico de Cerny e dos seus amigos, as autoridades devolveram a cor original ao IS-2 – na realidade um tipo de tanque historicamente incorrecto, pois o modelo que entrou em Praga no dia da libertação foi o T-34 – mas a história não se ficou por aqui: um grupo de quinze deputados parlamentares, gozando de imunidade, voltaram ao local e repintaram a pobre máquina de cor-de-rosa, em protesto contra a detenção de David Cerny.
Foi o suficiente para que o tanque fosse definitivamente removido. Hoje em dia encontra-se exposto no Museu Militar Técnico de Lesany, e na praça Kinsky foi construida uma fonte no local onde antes se encontrava o monumento.
Já em 2008, Cerny voltou ao ataque, transportando para as imediações uma réplica cor-de-rosa de uma parte traseira de um tanque soviético, de forma ilegal, tentando encorajar a reflexão política sobre os novos sinais de expansionismo russo.
Agora deverá iniciar o caminho de regresso ao centro, se tal for conveniente. Siga pela esquerda, pela rua Ujezd. Estará na periferia de Smichov, um agradável bairro de Praga, bem localizado, repleto de interessantes edifícios habitacionais, muito comércio tradicional e um grande centro comercial.
Vá reparando nas fachadas e observe os detalhes. Mais à frente, a cerca de 400 m, do seu lado esquerdo, não poderá deixar de notar uma estranha escultura. Trata-se de uma homenagem às vítimas do Comunismo. Aí chegado, vire à direita, pela Vítězná. Não tardando estará a chegar ao rio, e à ponte Legíi. Inicie a sua travessia. A meio, desça as escadas e explore a pequena mas bonita ilha.
No seu extremo norte terá uma das melhores vistas de Praga, não como do castelo, de cima, mas antes numa perspectiva visualmente rica da Praga clássica, com o Teatro Nacional mesmo ali, e a ponte Karlovo um pouco mais à frente, e todos os ricos edifícios que se estendem por ambas as margens do rio Vltava. Talvez seja chegada a altura de relaxar no Vltava, alugando um pequeno barco a remos ou a pedais. Está agora no sítio certo. A sua base é muito perto dessa ponte, do lado direito, se tiver seguido o itinerário sugerido. Se não os vir, é porque está em Praga na época do ano errada.
De qualquer forma, a partir daqui suba a avenida Narodni, a continuação natural da ponte Legii. Logo na esquina verá um dos cafés clássicos de Praga, o Slavia. Mais à frente, atente nas fachadas dos edifícios, especialmente nos andares mais elevados. Se tiver alguma necessidade indesejada, tem ali uma farmácia.
Adiante… continue a andar… a cerca de 200 m vai encontrar do seu lado direito uma discreta entrada para o Café Louvre, que ocupa o primeiro andar do prédio. Não perca! Se não tiver ainda fome, vá para o chocolate quente mas sobretudo não perca os gelados! Os melhores que já experimentei. E sabe que mais? Acho que por hoje estamos falados.
Se lhe sobrar tempo, é muito provável que esteja exausto. Tem uma série de agradáveis bares e cafés onde o deixei, caso o Louvre não lhe interesse. Estará em Narodni Trida, onde passam eléctricos para quase todo o lado e onde existe uma estação de metro da linha amarela.
Se está a ficar num apartamento ou precisa de alguma coisa de um supermercado, saia do Louvre e chegue à esquina seguinte. Do outro lado da rua estará um armazém comercial. Na cave encontrará um bem apetrechado supermercado. Só mais uma coisa: se é fumador, sensivelmente em frente ao Café Louvre, do outro lado da rua, existe uma excelente tabacaria, com todo o tipo de acessórios…. dê uma vista de olhos.
Dia 2 em Praga
Vamos seguir o mesmo princípio de ontem: a primeira coisa a fazer é ir a um dos locais usualmente com maior presença de turistas para aproveitar a calmaria matinal. Se ontem atravessámos a ponte Karlovo e visitámos o Castelo de Praga aos primeiros raios de Sol, hoje vamos às duas praças centrais, a da Cidade Antiga e a da Cidade Nova, começando por esta última. Faça-se transportar para Muzeum (o que provavelmente acontecerá através das linhas verde ou vermelha de metro).
Estará na imponente praça Venceslau, na realidade mais uma alameda. O edifício do Museu Nacional ergue-se sobre esta amplo espaço, logo secundado do famoso “cavalo”, uma estátua equestre que é utilizada diariamente como ponto de encontro para centenas ou mesmo milhares de praguenses.
Diz a tradição que uma relação que se inicie com um primeiro encontro junto à cauda do “cavalo” terá bom futuro. Por isso, por aqui, quando um rapaz convida uma rapariga (ou vice-versa) para se encontrarem nesse ponto, há desde logo uma declaração silenciosa. Foi nesta praça que em 1968 a população de Praga se sublevou contra a intervenção militar soviética, e foi também aqui que o Comunismo caiu, em 1989, quando o povo desceu de novo à rua.
Em 1969 Jan Palach, um jovem universitário, imolou-se pelo fogo, junto ao Museu Nacional, como forma de protesto pela perda de soberania efectiva da então Checoslováquia. O local onde caiu inanimado encontra-se marcado por um significativo sinal, e as coroas de flores ainda hoje são ali renovadas diariamente.
A praça Venceslau é o centro da Praga moderna. Diariamente é invadida por uma multidão de checos em trânsito. Quando a noite cai, o cenário é menos agradável. Por ali anda uma fauna estranha, nada recomendável. Mas caminhemos pela praça abaixo, até ao fim. Para os que acham a FNAC o máximo em termos de livros, notem as livrarias existentes nesta alameda; a maior, tem quatro andares, cada um deles com a extensão equivalente à da maior livraria portuguesa. Em Praga vivem apenas 1,5 milhões de pessoas, mas os checos são notórios leitores e consumidores de cultura.
Chegando ao fim da praça, cruze a Na Prikope e vá andando até ver do seu lado direito o pitoresco mercado de rua de Havélska. Visite-o se desejar, e depois continue a andar até desembocar na praça central da Cidade Antiga. É um local que transpira história.
Os belos edifícios, as majestosas igrejas, a estátua do reformista Jan Huss, o relógio astronómico… e tudo isto directamente na praça. Porque a exploração aleatórias das pequenas ruas envolventes revelará um sem número de deliciosos detalhes, becos misteriosos, casas pitorescas. Digo-lhe desde já que não pode despedir-se de Praga sem voltar aqui à noite. Aliás, considero uma experiência mais intensa a visita nocturna ao local. A iluminação é excelente, e o ambiente é algo que tem que experimentar. Contado não dá.
Terminada a exploração da área adjacente, retorne à praça central e parta pela avenida Parizska, uma artéria luxuosa, onde as lojas mais chiques mantêm as respectivas representações. Pouco antes de chegar ao rio, vire à esquerda na 17. Listopadu. Tem ai uma paragem de eléctrico, onde deverá apanhar o 17. Quatro paragens depois estará em Výstaviště. Não se preocupe. As paragens são anunciadas oralmente e através de um painel luminoso bem visível. O nome da paragem significa “Parque de Exposições”, e é isso que verá logo ali: o complexo erigido para a monumental Exposição Universal de Praga de 1891.
Deverá contorná-lo pela esquerda e internar-se no Parque Stromovka. Por esta altura está a salvo da onda de turistas. Aqui, só verá checos. Pares de namorados, avós com os netos, desportistas… todos usam este agradável espaço, de dimensões tão generosas. A ideia é atravessá-lo numa diagonal, em direcção a noroeste, de forma a encontrar o acesso a Troja. Deverá atravessar duas pequenas pontes pedestres, e deixar para trás a ilha Cisarsky, que se encontra bem no meio do Vltava.
Verá imediatamente o palácio de Troja, sede de várias exposições e de pólos museológicos. Uma visita ao interior fica ao seu critério, mas os jardins podem ser visitados com facilidade. Mesmo ao seu lado, tem o Zoo de Praga. Talvez não considere uma prioridade visitar um jardim zoológico quando vai a uma cidade estrangeira. Mas este é muito bom, tendo sido considerado o sétimo melhor do mundo (em 2008) pela prestigiada revista Forbes.
Se a bicharada não lhe interessa de sobremaneira mas até estava capaz de espairecer um pouco num jardim, tem mais à frente o Jardim Botânico, cuja estufa temática, a Fata Morgana, recomendo vivamente, assim como a sua secção japonesa. O ingresso, quer seja no Zoo, quer seja no Jardim Botânico é apenas de cerca de 6 Eur. Se tiver fome pode usar o restaurante localizado à entrada do Zoo.
Para regressar deverá dotar-se antecipadamente do bilhete de transportes públicos. Mesmo à entrada do Jardim Zoológico, apanhe o autocarro 131 e faça-se transportar durante umas poucas paragens até chegar à de Trojská. Saia e ande no sentido da marcha do autocarro até chegar à esquina. Logo ali à sua vista tem a paragem de eléctrico onde o 17 o trará de regresso ao centro.
Saia em Narodni Divadlo. Estivemos aqui ontem. Se não teve oportunidade de dar o passeio de barco a remos na véspera, não conhece a ilha Slovansky, o que é imperdoável. Trata-se da pequena ilha mesmo em frente ao majestoso Teatro Nacional.
Depois de uma breve volta pela ilha, quero-vos mostrar um dos meus poucos favoritos. Botel Matylda. O belo barco, ou restaurante flutuante, é o local ideal para uma refeição romântica com a vista do cair da noite, as luzes do castelo que se acendem lá longe… ou o abrigo de uma tarde invernosa, acolhedor, perfeito para ler um pouco enquanto a neve cai lá fora, sobre as águas escuras do Vltava. Do barco, verá o bizarro edifício a que chamaram Casa Dançante. Pessoalmente não lhe acho grande piada, mas não há dúvida que é uma imagem única de Praga, e já que está ali à mão, porque não ir até lá ver um pouco mais de perto e tirar umas fotos?
Creio que por esta altura o dia estará a acabar. Quer seja porque a noite se abate sobre a cidade, quer seja porque o cansaço se encontra prestes a vencer a curiosidade. Diria que por hoje chega. Onde o deixo, junto à Casa Dançante, poderá caminhar junto ao rio até à ponte Karlovo, apanhar o eléctrico 17 ou subir a avenida larga que evolui na direcção oposta ao rio, e chegando à praça Karlovo, não muito longe, terá a estação de metro da linha amarela Karlovo Namesti.
Dia 3 em Praga
Hoje vamos tirar a manhã para explorar as ruas de duas das áreas clássicas de Praga: o bairro judeu, Josefov, e Mala Strana (que significa “Bairro Pequeno”). Vamo-nos encontrar à entrada para a ponte Karlovo, do lado Este, ou, se preferir, defronte do Teatro Nacional. Seja como for, o primeiro acto consistirá na travessia, pela segunda vez, da ponte Legii, que surge no seguimento da avenida Narodni.
Desta vez não visitaremos nenhuma ilha, mas assim que a ponte acabe, vamos sair para a direita, passar em frente a um belo edifício de apartamentos de finais do século XIX e descer umas escadinhas. Estamos na ilha Kampa, diferente das restantes ilhas do Vltava. É que aqui, o visitante casual não se aperceberá que está rodeado de água. Do lado Oeste, corre a Ribeira do Diabo, que se separa do Vltava, contorna este bloco de terra antes de se reencontrar com o grande rio.
É uma área cheia de charme. Perto da entrada que tomámos encontrará um simpático café, o Mlýnská. Talvez uma pausa seja prematura, mas se assim o decidir, fica a sugestão. Contudo, devo desde já avisar, o percurso desta manhã estará repleto de encantadores cafés e restaurantes, tantos que não serão individualmente nomeados. Se se mantiver atento, difícil será escolher.
Perto da entrada do Mlýnská verá uma azenha de madeira bastante fotogénica. De resto, não é a única. Mais para a frente existe um outro engenho, igualmente impressionante. No extenso relvado que ocupa a área central de Kampa, os praguenses trazem os seus cães para um passeio.
Nos bancos, pares de namorados enrolam-se de forma ternurenta. Do lado direito, virado para o rio, encontra-se um dos restaurantes mais caros que conheço em Praga. Se não se quer assustar, não veja o menu. Daqui até à ponte Karlovo, à frente, e até à colina Petrin, do lado esquerdo, é Mala Strana. Sinceramente, a minha área favorita de Praga. Cada pedaço deste pequeno bairro viu muita História.
Estranhamente, a multidão de turistas não chega até aqui, mantendo-se fiel ao seu carreiro de formigas, que se estende entre a praça antiga e o castelo, cruzando a ponte Karlovo. Tanto melhor para nós, que podemos explorar livremente estas pequenas ruelas. Prepare a câmara fotográfica, aqui há muito que trabalhar. Beethoven ficou numa destas casas.
Noutro ponto, o muro de John Lennon é “apenas” mais um dos muitos pontos de interesse de Mala Strana. Se estiver a nevar, tanto melhor. Estas ruas não ficam em nada prejudicadas com o manto branco, que nos remete para o imaginário de outros tempos, quase medievais.
Por fim há-de desembocar na via que conduz à ponte Karlovo, inconfundível, pejada gente. Desta feita vamos segui-los. Quem sabe o que veremos na ponte. Os artistas de rua são ali quase todos notáveis. Mas o que queremos é chegar a Josefov, que se inicia assim que o tabuleiro da ponte termina, se virarmos à esquerda.
Em Josefov encontrará um punhado de atracções turísticas, mas como já deve ter percebido, quando toca a celebridades preferimos dar a voz a quem sabe. Estamos aqui para vos mostrar a Praga menos exposta, fora dos lugares-comuns guardados para os turistas. Assim, simbolicamente, deixamo-vos às portas de Josefov, com carta branca para explorar livremente.
Não se impressione com o preço das entradas nas atracções “obrigatórias”, como o cemitério judeu. Ah! À laia de graça, um desafio: se encontrar a ruela chamada Anezska, poderá ver a casa mais pequena de Praga. Irá identificá-la sem qualquer dificuldade. E posso dizer-vos que fica exactamente a 180 m em linha recta do restaurante que seguidamente vos sugiro.
Quando estiver despachado da ronda por Josefov, diriga-se em direcção do rio. Procure a avenida Parizska ou a ponte Cechuv. Quero mostrar-vos o La Casa Blu, restaurante e/ou bar sul-americano que serve os melhores nachos con chili que consigo imaginar. Talvez seja melhor anotar as direcções exactas aqui.
Se aceitou esta sugestão para o almoço, regresse até à ponte Chechuv, junto da qual encontrará a paragem do eléctrico 17. Apanhe-o, no sentido oposto ao da ponte. Saia em Vyton. Ande um pouco, passe por baixo da ponte ferroviária e inicie a subida da rua Vratislavova. Estou a conduzi-lo a Vysehrad, núcleo histórico da cidade. Em tempos, foi o primeiro local que visitei, depois de chegar a Praga cheio de expectativas. E o amor à primeira vista aconteceu. Vysehrad é hoje um bairro, uma estação de metro. Mas o Vysehrad que vamos visitar é uma antiga fortaleza.
No seu interior, muita coisa vai se encontrada: a rotunda de São Martinho, uma pequena capela circular românica do século XII; o cemitério, onde se encontram sepultadas grandes figuras da História e da cultura checa; as muralhas, com deslumbrantes vistas sobre o rio, sobre o bairro de Podoli, sobre a parte sul de Praga; a neogótica igreja de São Pedro e São Paulo, fundada inicialmente também no século XI.
Como está na República Checa, vai encontrar um jardim da cerveja, o Na Hradbách, e sobretudo muita vida genuinamente local. Os idosos que vêm dar o seu passeio, avós com netos pela mão, mães empurrando os seus carrinhos de bebé, pares de namorados. Se vier até aqui no final de Primavera ou no Verão, sobretudo ao fim-de-semana, é natural que seja brindado com qualquer espectáculo surpresa perto do relvado da grande igreja. Ali se reúnem grupos heterogéneos, desfrutando dos raios de sol que escasseiam noutras partes do ano.
Vysehrad tem vários acessos. Vou-lhe pedir que procure encontrar a saída na direcção do rio. Será discreta, porque não é mais que um caminho pedestre que desce a encosta, depois de ultrapassada a muralha. Mas dar com ela é deveras intuitivo. Quando desembocar na rua estará nas traseiras de um bloco construido sob a influência cubista. Contorne-o pela direita se desejar. De resto, vou sugerir-lhe que caminho um pouco junto ao rio, no sentido oposto ao que chegou.
Vai atravessar o túnel que certamente avistou lá de cima, da fortaleza, sobre o qual se erguem ainda vestígios de um dos bastiões medievais de Vysehrad. Pouco depois vai avistar uma simpática marina, que alberga o Clube Naval, e cujas águas gelam por completo no Inverno.
Logo à frente tem a paragem de eléctrico Podolska Vodarna. Apanhe qualquer um dos eléctricos que passem na direcção em que tem estado a caminhar. Quando entrar no transporte, repare no espantoso edíficio que vai surgir após um par de centenas de metros, do lado oposto ao do rio.
É de facto a Podolska Vodarna, a central distribuidora de água, construida em 1925 sobre uma primeira estrutura ali erigida quarenta anos antes, e que veio solucionar os sérios problemas de abastecimento à cidade de Praga no início do século XX. Mais à frente, do mesmo lado, avistará o principal complexo de piscinas da cidade.
Depois de passar por ele, saia na segunda paragem, denominada Przhistavishte. Atente na impressionante formação rochosa, que se debruça sobre o rio. Ande um pouco para trás, atravesse um pequeno parque e irá encontrar um acesso pedestre que subirá toda aquela encosta. Atreva-se! Suba. Lá em cima, um outro jardinzito com um miradouro memorável – Dobeska.
Uma vista inesperada de uma parte da cidade menos conhecida. Do outro lado do rio verá morros do mesmo tipo, que oferecem, também eles, belos passeios e perspectivas excelentes. Vislumbrará o bairro de Barrandov, onde se encontram os estúdios com o mesmo nome, núcleo da produção cinematográfica dos Checos. Que é muita e boa, apesar de desconhecida pelo mundo fora. Por mim falo, quando cheguei a Dobeska – nome milenar do bairro que se estende nesse planalto – compreendi pela milésima vez porque gosto tanto de Praga.
Prezado Ricardo,
Maravilhoso o seu roteiro de 3 dias em Praga! Nos detalhes percebe-se o quanto você admira essa cidade, que realmente deve ser linda!
Meu marido e eu iremos em outubro próximo e temos um problema: só 2 dias (inteiros) em Praga….!
Sem querer incomodá-lo por demais, o que vc sugere ? Mesclar os roteiros dos dias 2 e 3, ou 1 e 3?? Como melhor poderemos aproveitar o nosso pouco tempo numa cidade tão rica de história, monumentos, natureza, etc?
Por enquanto, muitíssimo obrigada pelas dicas fantásticas do site !!
Atenciosamente,
Lúcia
Suponho que irá depender de quanta energia tiverem, de como vai estar o tempo e das vossas preferências. No primeiro dia podem talvez sacrificar o passeio pela colina Petrin. Espreitem um pouco e depois passem para o Monumento às Vitimas do Comunismo. Isso vai poupar algum tempo. Mas não sei. Talvez o melhor será escreverem num papel a lista dos pontos sugeridos no meu artigo e irem riscando os que menos vos interessam. Cada pessoa tem gostos diferentes. Mas dois dias é mesmo muito pouco.
Ricardo, muito obrigada pela sua resposta! Sua sugestão é mesmo o melhor a fazer….!!
Voltarei a escrever caso necessite da sua opinião em alguma dúvida…
Bom dia!
Estou a pensar ir a Praga no natal, de 22 a 26 Dezembro.
Já sei que é muito frio.
Dias 24 e 25 estará tudo fechado ou podemos visitar os monumentos?
Transportes funcionam? Na noite de natal os restaurantes estarão abertos?
Recomenda cruzeiro com jantar no rio?
Obrigada
Olá Cristina,
Os transportes funcionam como em qualquer outro dia – ou seja, bastante bem, o que de resto deve ser irrelevante porque quem visita Praga não costuma precisar de os usar a não ser de e para o aeroporto.
Os restaurantes estão basicamente abertos. Já os monumentos, sinceramente, não sei.
Quanto ao cruzeiro, não posso recomendar porque actividades turisticas mainstream não fazem o meu género, logo, não tenho informação ou grande opinião. 🙂
Ricardo
Bom dia ricardo li aqui o que voçê postou e gostei muito . Eu vou a prague agora no dia 26 , ou seja vou de 26 a 28 , vou passar 2 noites no intercontinental prague . Quais os pontos de interesse o mais perto possivel do hotel , pode-me indicar s.f.f. obrigado , abraço
Bom dia ricardo eu li as suas sugestões e gostei muito . Eu vou a prague agora no dia 26 dezembro , vou de 26 a 28 para o hotel intercontinental prague pode-me dizer s.f.f. quais os pontos de interesse o mais próximo do hotel ? Obrigado , abraço
Lamento a ausência atempada de resposta mas estive em Cuba duas semanas e por lá não há basicamente Internet. Só regressei agora. Espero que esteja a correr tudo bem 🙂
Agradeço na mesma ricardo , voçê mesmo assim teve a amabilidade de me contactar . Olhe ricardo a estadia no intercontinental em prague foi exelente , não é por acaso que trabalho no intercontinental em geneve , hihihi. Adorei a visita pela cidade , o castelo é monstruoso , lindo…aquela ponte onde os artistas de rua estão e aquelas estátuas ,sem comentarios , o vinho quente hihihi é bom, o outro ops. Eu ganhei um amigo checo que entregava os papeis para um concerto ele falava francês … aí veio a parte pior . Ele disse-me ; meu amigo isto aqui tens que fazer muita atenção para não seres roubado … nas casas de cambio eles dão mais no placard e depois dão dinheiro a menos , chamas a policia eles trocam os valores e a policia não faz nada , vais ao restaurante a comida checa é zero , diz ele … eu tenho sorte porque cozinho bem . Resumindo ; adorei , adorei aconselho a totos os portugueses mas… façam atenção sempre com o conversor á mão senão já foste . Falei com um colega lá no hotel ele disse-me o mesmo , por isso meus amigos , aconselho a 100% é lindissimo foi pena o tempo ser pouco mas vale a pena , só temos que nos fazer de ( burros ) para não sermos roubados . Eu comi todas as refeições no hotel e não foi caro . Abraço amigo ricardo , não sei se está de acordo comigo mas esta foi a minha realidade . Atenção não conta o preço do hotel porque foi o meu patrão que pagou mas posso-vos garantir que é bem mais barato que geneve , mas a qualidade é diferente hihihi é para vêr se o meu patrão dá aumento . Mais uma vez obrigado ricardo , um feliz 2015 para sí e todos os portugueses .
ent is awaiting moderation.
Agradeço na mesma ricardo , voçê mesmo assim teve a amabilidade de me contactar . Olhe ricardo a estadia no intercontinental em prague foi exelente , não é por acaso que trabalho no intercontinental em geneve , hihihi. Adorei a visita pela cidade , o castelo é monstruoso , lindo…aquela ponte onde os artistas de rua estão e aquelas estátuas ,sem comentarios , o vinho quente hihihi é bom, o outro ops. Eu ganhei um amigo checo que entregava os papeis para um concerto ele falava francês … aí veio a parte pior . Ele disse-me ; meu amigo isto aqui tens que fazer muita atenção para não seres roubado … nas casas de cambio eles dão mais no placard e depois dão dinheiro a menos , chamas a policia eles trocam os valores e a policia não faz nada , vais ao restaurante a comida checa é zero , diz ele … eu tenho sorte porque cozinho bem . Resumindo ; adorei , adorei aconselho a todos os portugueses mas… façam atenção sempre com o conversor á mão senão já foste . Falei com um colega lá no hotel ele disse-me o mesmo , por isso meus amigos , aconselho a 100% é lindissimo foi pena o tempo ser pouco mas vale a pena , só temos que nos fazer de ( burros ) para não sermos roubados . Eu comi todas as refeições no hotel e não foi caro . Abraço amigo ricardo , não sei se está de acordo comigo mas esta foi a minha realidade . Atenção não conta o preço do hotel porque foi o meu patrão que pagou mas posso-vos garantir que é bem mais barato que geneve , mas a qualidade é diferente hihihi é para vêr se o meu patrão dá aumento . Mais uma vez obrigado ricardo , um feliz 2015 para sí e todos os portugueses .
Bom dia Ricardo,
Tenciono ir a Praga em fins de Junho, com duas amigas, para uma estadia de 3 dias e fiquei ainda mais entusiasmada ao ler as suas dicas, por isso aproveito para lhe pedir mais alguma informação.
Qual o melhor transporte do aeroporto para o centro da cidade e qual o preço(mais ou menos)?
Aconselha-nos a trocar o dinheiro aqui ou em Praga e por 3 dias quanto deveríamos trocar (mais ou menos)?
Antecipadamente agradecida pela sua resposta que aguardo.
Adelaide
Bom dia Adelaide,
Sem querer ser rude, compreenderá que não é muito gratificante responder a questões cujas respostas já se encontram em artigos publicados – e de forma nada escondida:
http://www.visitar-praga.com.pt/chegar-a-praga/
http://www.visitar-praga.com.pt/dinheiro/
Em termos de quantia para três dias, é complicado, porque cada pessoa tem as suas necessidades e estilo de viajar. Não será um problema, contudo. É uma questão de ir trocando à medida que necessitar.
Bom dia Ricardo,
Agradeço a sua informação dos “links”, que realmente respondem às minhas perguntas.
Por agora é tudo e mais uma vez muito obrigada.
Adelaide
Boa tarde Ricardo,
Fui 4 dias a Praga agora em Agosto. Não é a melhor altura, eu sei, mas teve de ser. Nas pesquisas que fui fazendo quando li o seu blog deixei todos os outros de lado. E porquê? Porque me interessou conhecer os percursos, os parques, os bairros, os restaurantes e bares alternativos por serem fora dos roteiros turísticos. Quase que cumpri à risca o seu roteiro de 3 dias e foi muito bom. Muito obrigado pelo seu excelente trabalho e ajuda. Adorei conhecer a “outra” Praga.
Cumprimentos,
Jorge Conceição
Obrigado Jorge, são estas mensagens gratificantes que dão alento a continuar a trabalhar. Não só porque demonstram que o meu trabalho é útil a alguém, como também que vale o suficiente para uma nota qualquer, um obrigado, um feedback.
Boa tarde Ricardo,
Vou viajar para Praga em Junho 5 dias, vou ficar no hotel Anna.
Vale a pena adquirir o cartão Prague Card ?
cumprimentos, Aníbal Matos
Olá Aníbal, bom dia e bem-vindo a Praga. A opção por um cartão depende muito do estilo de viagem de cada pessoa. No meu caso, que não sou muito dado a atracções turísticas, esse tipo de cartões nunca é adequado, mas no seu caso poderá ser diferente. Receio que é uma questão que terá que resolver fazendo os seus próprios cálculos, com a lista de benefícios do cartão à sua frente.
Boa tarde Ricardo,
Antes de mais as minhas felicitações pelo seu excelente trabalho que tenho acompanhado com atenção, e penso que me poderá ser bastante útil .
Eu pensei no cartão de 4 dias com o custo de 78 Euros, pelo transportes incluídos, pela atracções grátis e também pela comodidade de não ter que efectuar pagamentos , mas confesso que ainda não tomei adecisão definitivamente, de qualquer maneira,
obrigado .
Aníbal Matos
Considere que é possível que as despesas com transportes públicos sejam residuais, dependendo do local do seu alojamento. Não sei de cor a localização do Anna 🙂
Adorei ler seu blog, vou para praga em janeiro gostaria de ficar uns dias em alguma cidade vizinha que tem neve.
Você sabe me dizer qual é a mais próxima de Praga.
Oi… a neve cai por igual pelo país todo. Nas montanhas, claro, há mais neve, mas nas montanhas não há cidade. Se quiser conhecer outra cidade, bonita, para além de Praga, existem muitas opções. Não tem de ser a mais próxima. A República Checa é um país pequeno e tem uma rede de autocarros – a Student Agency – que liga Praga a muitas cidades de forma rápida, cómoda e eficiente. Pode considerar Olomouc. Cesky Krumlov é uma pequena cidade MUITO BONITA, mas é das mais afastadas e é também muito turística.
Boas Ricardo,
Desde já, parabéns pelo teu blog. Está espectacular!
Quando o Ricardo fala em começar bem cedo o roteiro, qual a hora matinal que está a usar como referência?
Obrigado!
Oi caro homónimo! Quando digo cedo, penso no nascer do sol, cuja hora varia conforme a época do ano.
Olá Ricardo,
Venho lhe agradecer pela sua pagina e todas a informação nela contida. Acabei de fazer uma vista à cidade, e graças ao seu roteiro e informação que disponibiliza na pagina, foi-me possível desfrutar desta cidade de uma forma muito mais intensa e completa. Adorei a cidade, e nunca pensei que fosse tão bela, divertida e acolhedora. Espero voltar um dia.
E os gelados são magníficos…, ao nível do melhor que se faz em Roma, a minha preferida é a “Creme de lá creme”
Muito obrigado
Oi Rogério, obrigado pelas amáveis palavras! Fico até curioso de saber mais pormenores sobre a sua passagem por Praga. E não me diga que experimentou todas as três gelatarias que aconselho? 🙂
Olá Ricardo,
Por acaso experimentei 🙂 Comecei com a Angelato, do outro lado do rio perto de Malá Strana, depois descobri a Créme de la Créme e por fim foi ao café do Louvre (que belo café! lindo, transporta-nos para outra época).
Do seu roteiro só não fiz o parque de exposições e o zoo (não tive tempo) Cheguei segunda 21 e parti sexta 25. Fiz muitos percursos a pé (pois só assim se consegue ver tudo, e apreciar melhor a cidade).
Obrigado
Ah! Então faltou a minha favorita! 🙂 O Puro Gelato!
Olá boa noite Sr. Ricardo, o meu nome é A a Lúcia e, em primeiro lugar deixe-me dizer-lhe que gostei imenso do seu blog, que descobri por acaso quando fazia a minha pesquisa sobre praga. Tem imensos pormenores e detalhes que amei e me deram alguma motivação extra para esta pequena viagem!!
Descobri entretanto, e segundo o seu mapa,que vou ficar alojada na zona lilás, logo afastada do centro…mas enfim, no grupo ninguém se incomoda de andar mais. A dúvida que me surgiu sobre este “afastamento” é qual será o melhor meio de transporte para nos levar ao centro. Ou será que a andar a pé, conseguimos ver os Top 10?
Vamos ficar 3 dias completos e no 4º dia só de manhã, gostei imenso das suas dicas para 3 dias e, se me poder dar mais algumas dicas fico-lhe muito, muito agradecida. A nossa ideia seria andar a ver o máximo que conseguirmos e comprar algo para comer e beber em supermercados e descansar para um ” pic-nic”, e jantar num restaurantes simpático. Acha que é boa ideia?
Desculpe colocar tantas questões.
Obrigada desde já!
Boa páscoa!
Qual é a morada do alojamento?
Budečská 17, Prague 2
Oi… um local muito agradável, mas para viver… vais ter que andar de metro todos os dias… são poucas estações mas as suficientes para não ser viável fazer a pé.
Não há muito que saber… eléctrico 22 ou estação de metro Namesti Miru, linha verde. Bons acessos, mas lá está… não dá para caminhar para o centro…. pelo menos de forma diária e em ambos os sentidos.
Muitíssimo obrigada Ricardo!!!